sábado, 24 de dezembro de 2011

Alvaro de Campos - parte 2

Cansaço

*  Estou Cansado


Estou cansado, é claro, 
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado. 
De que estou cansado, não sei: 
De nada me serviria sabê-lo, 
Pois o cansaço fica na mesma. 
A ferida dói como dói 
E não em função da causa que a produziu. 
Sim, estou cansado, 
E um pouco sorridente 
De o cansaço ser só isto — 
Uma vontade de sono no corpo, 
Um desejo de não pensar na alma, 
E por cima de tudo uma transparência lúcida 
Do entendimento retrospectivo... 
E a luxúria única de não ter já esperanças? 
Sou inteligente; eis tudo. 
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto, 
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá, 
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa. 
*    O Que Há
        
O que há em mim é sobretudo cansaço —  
                                                Não disto nem daquilo,  
            Nem sequer de tudo ou de nada:  
                                                Cansaço assim mesmo, ele mesmo,  
                                                Cansaço. 
                                                A sutileza das sensações inúteis,  
                                                As paixões violentas por coisa nenhuma,  
                                                Os amores intensos por o suposto em alguém,   
                                                Essas coisas todas —  
                                                Essas e o que falta nelas eternamente —;  
                                                Tudo isso faz um cansaço,  
                                                Este cansaço,  
                                                Cansaço. 
                                  
                                               Há sem dúvida quem ame o infinito,  
            Há sem dúvida quem deseje o impossível,  
            Há sem dúvida quem não queira nada — 
           Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:  
            Porque eu amo infinitamente o finito,  
            Porque eu desejo impossivelmente o possível,
            Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,   
            Ou até se não puder ser...

            E o resultado?  
            Para eles a vida vivida ou sonhada,   
            Para eles o sonho sonhado ou vivido,  
            Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
           Para mim só um grande, um profundo,  
           E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,   
                                                Um supremíssimo cansaço,   
            Íssimno, íssimo, íssimo,  
                                               Cansaço...   

  
*    Não, não é cansaço

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como... Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...

*  Ah, Onde Estou

Ah, onde estou onde passo, ou onde não estou nem passo,
A banalidade devorante das caras de toda a gente!
Ah, a angústia insuportável de gente!
O cansaço inconvertível de ver e ouvir!
(Murmúrio outrora de regatos próprios, de arvoredo meu.)
Queria vomitar o que vi, só da náusea de o ter visto,
Estômago da alma alvorotado de eu ser...

*  Adiamento

*      Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o rnundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir...
Sim, o porvir...

Fernando Pessoa - Alvaro de Campos - parte 1

Fernando Pessoa

Álvaro de Campos


l   Nasceu em Tavira, em 1890 e morreu em 1935;
l   Educação vulgar de Liceu;
l   Vanguardista e cosmopolita;
l   Foi para a Escócia estudar engenharia, mecânica e naval.

Poemas

Uma das explicações mais interessantes sobre as formas de Álvaro de Campos diz sobre a maneira de sentir tudo de todas as maneiras, o desejo de partir, a expressão do desencanto do cotidiano citadino, estilo torrencial e até violento e delirante.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

John Milton

John Milton was born in Bread Street, Cheapside, in 1608. His life is divided into three parts: youthful education and apprenticeship, foreign travels, prose and controversy and the last fourteen years of his life.
About his youthful education, this was the period that he wrote “Lycidas” (1637); period of prose and controversy (1640-60), when his major concern were political and social, producing most of his verse of spin off, public or private events ; and finally, his return to literature to publish “Paradise lost”(1667), “Paradise Regained” (1671), and “Samson Agonistes” (1671).
He studied at St. Paul's School, and mastered three idioms: Latin, Greek and Hebrew. Stayings with his writing and reading, he graduated at Christ's College, Cambridge, in 1629 and 1632. He read for six more years under his own direction, constantly. Everething important in English, Latin, Greek, and Italian; Milton read. He wrote in 1634, to a noble family in Shropshire, a masque known “Comus”.
In 1637, he contribuited for a elegy called “Lycidas”.
There are three major phases about his complex and troubled carrer that it is controversy.
He published against bishops that ruled churchs; responded to a book made by a German exiled in England; he published a defense in free press, “Areopagitica”, in response to the parliamentary ordinance to regulate printing;
In 1642, he married to Mary Powell, a daughter of a royalist country squire.
After few weeks, she left him. And from 1643 to 1645, he published about that divorce.
In 1645, his wife returned and they had three daughters, died in 1652. In 1656, John married again, and his new wife died in childbirth, in 1658. In 1663, Milton and his third wife: Elizabeth Minshull.
His life and though allowed him be in Renaissance Christian humanism; a small circle of great epic writers.


A selection of writings of 34 authors from the 5th ed. Of the 2-vol. Norton anthology
of English literature, c1986.



Sir Gawain and the green knight

ca. 1375-1400

The author is unknown, but well educated man, behavior and ideas. He probably wrote the three religious poems (Pearl, Patience, and Purity), preserved in the same autographic as Sir Gawain. It is impossible to date the poem, but the author must have been a contemporary of Chaucer. The authors of “Sir Gawain and Piers Plowman” represented cultural centers on a royal court where Geoffrey Chaucer lived. The author of Sir Gawain was a writer that lived in the city with a dialect very difficult for us and for Londoners in their times. About the provincial centers, nothing has been knowing, but the high level of culture grows with the works demonstrated.
It is alliterative preserving a different manuscript – a lovely legend of St. Erkenwald. The provincial England originated a dialect of Sir Gawain, so far from northwest of the capital.
Sir Gawain combines two plots, common in folklore and romance, blows with a sword or ax and seduction of the hero by a lady. Probably in a vegetation myth (anciente folklore), the reason of the green man's decapitation. There is a rare combination on this poem: a comedy and a Christian view. Gawain is dedicated to Christians ideals and prowess in defense of the right.
Sir Gawain was a Knight of the Round Table, King Arthur's nephew. Sir Gawain  
It is a romance: latest and the best of the Midle English romances. The alliterative tradition continues, but the handful one survives and inhere to the Alliterative Revival.
The Midle English preserves Old English verse in essential features: it does not note that is longer, stress and rules alliteration.
There is a one stanza matching to the alliteration and rhyme.

I do not know much about the author, but his work was very important in Medieval English Literature.


The Norton anthology of English literature. The major authors / M. H.
Abrams, general editor.-6th ed. 1996.

As funções do Estado

O Estado existe para promover o bem público e agir sobre um conjunto de atividades no tempo e no espaço. De todo modo, o Estado possui três espécies de funções: legislar, executar e julgar; fazer valer os direitos individuais.
A imunidade parlamentar foi criada para envergonhar o país. Todas as pessoas, independente do cargo, deveriam ter direitos iguais, aos setores vitais até as determinações da lei.
O poder executivo, hoje mais do que nunca, adquiriu uma nova função: barganhar com o parlamento para ter uma base aliada e ter votado os seus projetos. Outra característica é a capacidade de veto ou imposição da sua vontade caso seja de extremo interesse da população.
O poder judiciário interpreta e aplica a lei. Porém, com todas as deformações que a lei já passou, assuntos vitais quanto à segurança e a exclusão de pessoas nocivas à sociedade, mas com poder aquisitivo privilegiado, se prevalecem dessas deformações e contratam os melhores agentes (“agentes”) da lei.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Apresentação

Aqui está o segundo blog, o primeiro em carreira solo. rs
Minha proposta é apresentar assuntos relevantes à sociedade.